Você já parou para pensar sobre o que verdadeiramente te faz feliz? Parece que todos nós temos um plano traçado em busca dessa felicidade, seja na realização de sonhos grandiosos ou metas mais acessíveis.
Conheço pessoas que buscam a plenitude ao concluir a faculdade, se casar, conquistar um cargo público, explorar diferentes países e acumular recursos financeiros, entre outras aspirações.
Contudo, há momentos cruciais em nossas vidas que têm o poder de redefinir completamente o rumo que estamos seguindo. Lembra-se daquele convite que você recusou?
Às vezes, uma escolha simples pode ter um impacto profundo em nossa trajetória. Recentemente, deparei-me com um desses momentos, o qual provocou uma reflexão profunda.
Ao longo do tempo, tenho dedicado esforços para auxiliar pessoas no enfrentamento da ansiedade, muitas vezes esquecendo que também enfrento minhas próprias batalhas ansiosas em relação ao futuro. Essas preocupações frequentemente ocupam minha mente.
No entanto, durante um final de semana de lazer em um quarto de hotel, uma situação inesperada se desenrolou. Os hotéis, conhecidos por proporcionarem pequenos prazeres aos hóspedes, normalmente não chamam muito a minha atenção nesse aspecto.
No entanto, ao final de um dia repleto de atividades, deparei-me com uma seleção de doces. Em um impulso, escolhi um chocolate Snickers com amendoim, algo que não experimentava há cerca de uma década.
Surpreendentemente, aquele doce, que normalmente não me atrairia, revelou-se incrivelmente saboroso naquele momento.
O comportamento humano é constantemente influenciado por estímulos, sendo alguns mais impactantes devido à sua escassez.
Não estou sugerindo que a felicidade esteja atrelada a um simples doce ou à escassez, mas sim que, muitas vezes, experiências aparentemente insignificantes passam despercebidas em meio às buscas por conquistas mais grandiosas.
O episódio do chocolate transcendeu a mera satisfação sensorial. Foi uma espécie de catarse libertadora, uma compreensão do óbvio: viver é ser feliz.
A verdadeira felicidade não reside apenas em grandes realizações, mas também nas pequenas coisas da vida. Para alguém enfrentando desafios de saúde, a felicidade pode ser retomar as atividades cotidianas, mesmo as menos agradáveis.
O chocolate, nesse contexto, tornou-se um estímulo que desencadeou uma reflexão profunda, indo além da satisfação imediata. Foi a percepção de que a vida é feita de momentos presentes, capazes de proporcionar satisfação e significado.
Comer aquele chocolate não foi apenas um ato impulsivo; foi uma conquista, um testemunho de um corpo vivo, capaz de se movimentar e experimentar desejos.
Nosso propósito fundamental é viver, e essa experiência foi um lembrete de que estou vivo.
Sentir-se feliz agora não anula a necessidade de fazer planos para o futuro, mas sim enriquece a jornada presente.
Essa reflexão ressalta a importância de reconhecer e valorizar os momentos simples, partes fundamentais de uma vida plena e significativa.
Viver é, em essência, colecionar esses momentos e apreciar a jornada com gratidão. Que tal começar hoje?
Ivan Lacerda, Psicólogo